Foi até a beirada e olhou de lá de cima. Do alto do 30º andar os carros pareciam apenas pequenos pontinhos com luzes. Sentiu a brisa da noite em seu rosto e olhou para a lua, estava mais perto do que jamais esteve. Sentou-se na beirada e pegou o celular, discou o telefone de sua terapeuta. Embora fosse um pouco tarde ela disse que podia ligar a hora que fosse, disse que sempre lhe ajudaria.
-"Olá, você ligou para a Dra. Fernanda, no momento não posso lhe atender, mas entrarei em contato assim que puder. Deixe-me uma mensagem e não se esqueça: Sorria para o mundo e ele sorrirá para você!".
Suspirou. Sorrir lhe parecia tão irônico. Olhou para baixo novamente e então resolveu deixar uma mensagem:
-Dra. Fernanda é a Julia. Desculpe-me incomodar-lhe tão tarde, mas é urgente. Me ligue assim que puder.
Resolveu esperar um pouco. Deitou-se no chão e olhou as estrelas, embora não desse para ver muitas. Lembrou-se de uma frase que uma vez lera em um livro e fora dita por Platão: "Para ver as estrelas é necessário erguer a cabeça". Então de repente sentiu seu rosto quente, uma lágrima começava a cair. Virou-se e escondeu o rosto. Embora não tivesse ninguém ali, sentia vergonha. Chorou baixinho com o rosto nas mãos por algum tempo. Então, ainda chorando, porém dessa vez de ódio, levantou o rosto e começou a gritar para o nada, como se alguém a ouvisse:
-Não! Eu não vou chorar! Não dessa vez, não de novo, que droooooooogaaa!!!!!!!!!
Olhou no celular, já havia passado meia hora e Dra. Fernanda ainda não ligara. O tempo passava rápido. Foi até a beirada novamente e deu mais uma olhada. Agora o vento secava suas lágrimas. Sentou encolhida em um canto e procurou ver o lado bom. Pensou por algum tempo e então concluiu: não havia lado bom. Estava cansada. Cansada da sua vida, cansada da mesmice, cansada de não conseguir o que queria. Se sentia uma idiota, uma perdedora, uma fraca. Achava que aquele era o único meio de dar fim a sua dor. Mais lágrimas ameaçavam querer cair. Olhou no celular de novo, haviam se passado mais 15 minutos e Dra. Fernanda não ligara. Guardou o celular o celular e se levantou:
-Então é isso.
Foi até a beirada de novo e dessa vez procurou o medo, mas simplesmente não o encontrava. Olhou de novo. Então deu alguns passos de distância, respirou fundo, correu e pulou. Começou a cair de barriga. Sua primeira reação foi gritar, mas logo parou. Afinal, não era isso que ela queria?
Parecia que o fim não chegava nunca, o tempo se arrastava. Lembrou-se da frase: "do chão não passa". Será que não passava mesmo? Ela ia passar. Passar para um outro plano, para a próxima etapa da vida, ou da morte, não sabia, mas nesse momento sentia que era bom ou, pelo menos, melhor que antes. Abriu os braços tanto quanto a lei da física lhe permitiu e sorriu. Estava pronta para a próxima fase, e ia entrar nela com estilo: Voando.
O texto é de minha autoria.
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6 comentários:
Uaau!!!
Esperava um final feliz. achava que Dra. fosse ligar n ultimo momento. e com isso a júlia fosse desistir.
É preciso muita coragem para se jogar de cima de um prédio ou dar um tiro na cabeça.É preciso um sofrimento muito grande para fazer isso...
Parabéns pelo texto...
http://hdebarbamalfeita.blogspot.com/
Olá, gostei do seu blog. Ele é muito bom e suas postagens são bastante interessantes.
Um grande abraço
Achei bonito seu texto!
Parabéns!
Obrigada pelo comentário no meu blog!
se eu disser que gostei do conteudo do texto vou mentir. esta bem escrito...voce podia encarar uns roteiros...talvez por em minha vida ter passado tantas vezes por situaçoes semelhantes prefiro fugir do suicidio. o meu melhor amigo é um taurus 38...a realidade da um frio na espinha...
pelo menos é um texto que chega "aos finalmentes" sem maiores delongas... suicidou-se e pronto...
Suicidar-se não é um ato de coragem e sim de covardia. Espero que sua personagem descanse em paz. u.u
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