quarta-feira, 23 de julho de 2008

Os dois estavam sentados, lado a lado, quietos. Nenhum deles tinha assunto. Já não havia mais nenhuma criança no parquinho, e vinha apenas uma fraca iluminação de postes de luz acesos e da lua, que brilhava no céu. Sua cabeça ia a milhão. Pensava em coisas para falar, mas nada lhe parecia bom o bastante. Talvez o silêncio valesse mais a pena. Sabia que ele a observava, mas mesmo assim não o olhava. Sabia exatamente o que queria dizer, o que queria fazer, mas não encontrava a coragem necessária para tanto. Seria um sentimento calado. Mais um. Imaginava se ele pensava o mesmo que ela, e se achava boba demais por isso.
Então, em algum lugar, uma música começou a tocar e, de repente, ele se levantou. Isso a fez despertar de seus pensamentos. Então ele parou na sua frente e estendeu-lhe a mão:
-Dança comigo.
Ela olhou, com um ar de desconfiança:
-Não sei dançar...
-Claro que sabe, todo mundo sabe...
-Todo mundo menos eu...
-Anda logo! Eu te ensino...
Então pegou em sua mão e foi. Era uma dança simples. Dois pra lá, dois pra cá. Ela sabia fazer, e não sabia porque relutara em ir, talvez tivesse sido uma tentativa de lutar contra seu próprio sentimento. Então deu uma rápida olhada em seus olhos, sabia que ele a observava e riu. Deu uma risadinha, um sorrisinho, para si mesma. Metade pela própria situação deles dois dançando em um parquinho deserto. Metade pela incredulidade, simplesmente não conseguia acreditar que estava ali, dançando agarradinha com ele, tão bom e tão horrível ao mesmo tempo.
Ele falou em seu ouvido:
-Sabia que você sabia dançar!
Ela olhou pra ele e apenas sorriu, uma risadinha travessa. Ele a olhou nos olhos e também sorriu, o tipo de sorriso que a fazia suspirar por dentro, mas ela não demonstrava isso. Queria abraçá-lo e dizer-lhe tudo que sentia, mas era como se tivesse uma trava em seu corpo, incluindo em sua boca, e a única coisa que ela ousava fazer era continuar a dançar. Dois pra lá, dois pra cá, dois pra lá, dois pra cá...
Foi quando, de repente, sem ela esperar, ele levantou seu rosto e lhe deu um beijo. Um beijo terno e doce no começo, mas que sem querer se tornou um amasso com beijos quentes e agressivos. Não sabia dizer quanto tempo passaram se beijando, mas quando pararam continuaram agarradinhos. Ela encostou a cabeça em seu peito. Queria chorar, ou gritar, não sabia se de felicidade ou de medo, nervosismo. Sentia que precisava fazer alguma coisa, mas não iria soltá-lo, não sabia quando ficariam de novo daquele jeito.
Eles se balançavam, devargazinho, de uma forma que nem percebiam. Ele a embalava. Uma leve brisa batia, mas ela não sentia frio, ele a envolvia. Então ele a abraçou, apertando-a contra seu corpo. E de repente todos aqueles sentimentos, tudo aquilo que tinha vontade de falar e de fazer voltou a tona. Mas tudo o que fez foi continuar lá, abraçadinha com ele. Por que era tão difícil dizer eu te amo?


[♥]

5 comentários:

Anônimo disse...

Belo texto
é de sua autoria?
se for está de parabéns!

www.blowgh.wordpress.com

Dário Souza disse...

Parece ate um episodio de anos incriveis de tao legal.

Pedro Pyratero disse...

cara.. apesar de tua apresentação ta bem pirralha eu gostei do teu blog! vou visitar mais vezes! ;p
http://pedropyratero.blogspot.com/

Pedro Pyratero disse...

Uma novela: Chiquititas xD


precisa citar mais ou esse ja basta?
uhasuhsahusahu
http://pedropyratero.blogspot.com/

VanessaTocha disse...

nossa... amei!!

http://kate-purple.blogspot.com